A cirurgia do ombro e cotovelo dita convencional é aquela em que ocorre por meio de uma incisão cirúrgica. Faz-se um corte na pele e no subcutâneo (gordura) com descolamentos musculares para acesso ao local da intervenção. Existem situações em que essas cirurgias são necessárias, quando bem indicadas. Alguns exemplos são as fraturas desviadas do úmero proximal e artroses avançadas.
As técnicas cirúrgicas avançaram para a colocação de placas, parafusos e próteses, sendo seguras e menos agressivas para cada tipo de situação abordada. Entenda nessa seção, as principais indicações do tratamento cirúrgico aberto ou convencional.
As fraturas desviadas podem ocorrer em qualquer osso da região do ombro, sendo mais comum no úmero proximal e na clavícula. O trauma de alta energia e as ações musculares são os principais responsáveis pelo desvio da fratura no ombro. Dor, edema, hematoma, incapacidade de movimentar o braço e deformidade são queixas desse problema. Uma avaliação neuro-vascular do membro afetado é importante, pois lesões associadas podem ocorrer, em virtude do desvio dos fragmentos ósseos.
A artrose no ombro é uma doença degenerativa que causa alterações na cartilagem hialina dos ossos que compõem a articulação. O envelhecimento e desgaste biológico são os principais responsáveis pelo aparecimento desse problema. O principal sintoma é a dor crônica que prejudica as atividades do dia a dia. Ela vem acompanhada de diminuição dos movimentos do ombro.
O posicionamento do paciente é muito importante para o sucesso de uma cirurgia aberta. Ele diz respeito a forma como o paciente é colocado na mesa cirúrgica, visando facilitar o acesso ao local do procedimento, com a devida proteção da superfície corpórea, das vias aéreas e circulatórias. Deve-se prevenir complicações pelo tempo que o paciente fica nessa posição.
A posição vai depender do tratamento a ser realizado. Existem alguns tipos como em posição supina (barriga para cima), prona (barriga para baixo), lateral (de lado) e em “cadeira de praia”. Essa última é muito utilizada nas cirurgias abertas do ombro, quando se pretende abordar as fraturas e artroses. Ela permite levantar as costas do paciente acima do plano horizontal, em ângulos que variam de 30 a 90°.
O Índice de Massa Corporal (IMC) > 30 Kg/m2 caracteriza obesidade, enquanto > 40 Kg/m2, obesidade mórbida. O posicionamento apresenta desafio único para o paciente obeso, em virtude do seu tamanho, peso adicional e do maior risco de complicações como úlceras de pressão.
Isso é o que chamamos de via de acesso cirúrgico. Existem alguns tipos no ombro como anterior (frente), posterior (atrás), lateral e superior. No cotovelo, temos via anterior, posterior, lateral (lado de fora) e medial (lado de dentro). O acesso utilizado para o tratamento cirúrgico aberto vai depender do problema a ser resolvido. A incisão mais usual no ombro é a chamada via deltopeitoral, em que os planos de acesso ocorrem entre os músculos deltoide e peitoral maior, conforme destacado abaixo.
Dr. Marcos Rassi é médico especialista em cirurgia do ombro e cotovelo. Possui Doutorado e é Professor Associado do Departamento de Ortopedia e Traumatologia e Orientador do Programa de Pós-Graduação de Mestrado e Doutorado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás – Brasil.